http://www.blogger.com/ Junta Médica M11: dezembro 2010

Bispo de Limoeiro do Norte recusa homenagem do Senado


Foto da matéria publicada no Diário do Nordeste, de Fortaleza.

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Dom Edmilson disse que a comenda hoje não representa a pessoa do cearense que foi Dom Helder Câmara
FOTO: AG. SENADO

22/12/2010

Em protesto contra o reajuste de 61,8% concedido a deputados e senadores, o bispo não quis receber comenda

Brasília - Uma solenidade de entrega de comenda no Senado terminou em constrangimento para os parlamentares que estavam em plenário. Em protesto contra o reajuste de 61,8% concedido a deputados e senadores na semana passada, o bispo de Limoeiro do Norte (CE), dom Manuel Edmilson Cruz, recusou-se a receber a Comenda dos Direitos Humanos Dom Hélder Câmara.

Em discurso, ele destacou a realidade da população mais carente, obrigada a enfrentar as filas dos hospitais da rede pública. "Não são raros os casos de pacientes que morreram de tanto esperar o tratamento de doença grave, por exemplo, de câncer, marcado para um e até para dois anos após a consulta".

Dom Manuel da Cruz lamentou que o Congresso tenha aprovado reajuste para seus próprios salários, da ordem de 61,8%, com efeito cascata nos vencimentos de outras autoridades, "enquanto os trabalhadores do transporte coletivo de Fortaleza mal conseguiram 6% de aumento em recente luta por elevação salarial", disse. O bispo mencionou também as aposentadorias reduzidas, o salário mínimo que cresce em "ritmo de lesmas".

Comenda

Ao recusar a comenda, o bispo foi taxativo: "A comenda hoje outorgada não representa a pessoa do cearense maior que foi dom Hélder Câmara. Desfigura-a, porém. De seguro, sem ressentimentos e agindo por amor e com respeito a todos os senhores e senhoras, pelos quais oro todos os dias, só me resta uma atitude: recusá-la".

Nesse momento, quando a sessão era presidida por Inácio Arruda (PCdoB-CE), autor da homenagem, o público aplaudiu a decisão.

Após a recusa formal, o bispo cearense acrescentou que "ela é um atentado, uma afronta ao povo brasileiro, ao cidadão contribuinte para o bem de todos com o suor de seu rosto e a dignidade de seu trabalho".

Ele acrescentou que o reajuste dos parlamentares deve guardar sempre "a mesma proporção que o aumento do salário mínimo e o da aposentadoria".

Dom Edmilson Cruz afirmou que assumia a postura com humildade, sem a pretensão de dar lições a pessoas tão competentes e tão boas".

Diante da situação criada, o senador José Nery (Psol-PA) cumprimentou o bispo pela atitude considerada "coerente" com o que pensa.

"Entendemos o gesto, o grito e a exigência de dom Edmilson Cruz que, em sua fala, diz que veio aqui, mas recusará a comenda Dom Helder Câmara. Também exige que o Congresso Nacional reavalie a decisão que tomou em relação ao salário de seus parlamentares", acrescentou o senador paraense.

Protesto

O protesto contra o reajuste dos parlamentares não se resumiu, no entanto, à manifestação do bispo. Cerca de 130 estudantes secundaristas e universitários de Brasília foram barrados na entrada principal do Congresso quando preparavam-se para protestar contra a decisão tomada na semana passada pelos parlamentares.

A intenção do grupo era circular pelas instalações das duas Casas empunhando cartazes com críticas ao aumento. No entanto, por decisão das polícias legislativas, eles não foram autorizados a entrar.

Fique por dentro
Discurso

"O aumento de 61,6% dos parlamentares a ser ajustado deveria guardar sempre a mesma proporção que o aumento do salário mínimo e da aposentadoria. Isso não acontece. O que acontece, é um atentado contra os direitos humanos do nosso povo... A comenda hoje outorgada não representa a pessoa do cearense maior que foi Dom Helder Câmara. Não representa. Desfigura-a, porém. Sem ressentimentos e agindo por amor e por respeito a todos só me resta uma atitude: recusá-la".

Nas asas do tempo

Escrevi esta crônica após a cerimônia de colação de grau da turma M10. Trata-se de uma reflexão sobre o tempo e sobre nossa formatura...



É. Agora o jargão que conhecemos desde o primeiro semestre do curso faz bem mais sentido e se reveste de mais responsabilidades; “o tempo passa muito rápido”. E tão rápido, às vezes, que chega a ser levado pelo vento, às vezes o tempo até voa.

Em suas asas, nós, inicialmente tão leves, embarcamos. Leves de conhecimentos sobre semiologia, leves de raciocínio clínico, tão leves de condutas adequadas. E sobre terapêutica então? Meu Deus éramos tão leves nas asas do tempo que nos trouxe até aqui! O presente, este momento, é a última conexão aérea até a consagração do sonho, o derradeiro pouso até o destino.

Somos agora a “M11” e não apenas a décima primeira turma da faculdade em meio a outras turmas. Agora os olhos da nossa instituição nos observam com um olhar crítico, diferenciado. A “M11” é a turma mais avançada no que se refere aos semestres necessários para a formação médica.

E quanta responsabilidade. Quanto “medo” ao lembrar isso. “Medo” como um desafiador para nosso crescimento. “Medo” como um motivador da nossa busca pelo conhecimento, de horas dedicadas a leituras de Guytons, Harrinsons, e porque não dizer, apostilas do medcurso.

Que nesses últimos sete meses até as letras “D” e “r” serem bordadas em nossos jalecos, possamos “orar por ombros mais largos, e não por dias mais amenos”

Dentro de alguns segundos teremos todos os adjetivos próprios da condição que almejamos. Seremos MÉDICOS.

por Daniel Victor Coriolano Serafim
18 de dezembro de 2010